quinta-feira, 1 de abril de 2010

Por que o Brasil não vai pra frente

- É por isso que o Brasil não vai pra frente! – Diz um senhor assistindo às noticias na TV.

- É por isso que o Brasil não vai pra frente! – Uma outra senhora pronuncia a mesma frase na fila do banco.

Eu já cansei de ouvir motivos que explicam por si só o fato de o Brasil ainda ser um país de terceiro mundo, em desenvolvimento, do sul, pobre, ou qualquer outra denominação que já tenha sido inventada para designar países que ainda não alcançaram um alto nível de desenvolvimento. Mas acontece que a culpa do Brasil ainda ser o país do futuro não é da fila do caixa, nem da falta de investimento em esporte, nem de alagamentos por chuvas, nem do seu time que perdeu. O motivo para esse atraso que não deveria existir é tão óbvio que algumas pessoas simplesmente o ignoram ou distorcem os fatos e se eximem de culpa.

Tenho certeza que ninguém irá discutir comigo que o principal ponto para o crescimento econômico, social e político do Brasil está em uma educação de qualidade. Não apenas nas universidades, mas, principalmente no ensino básico, aquele que atinge a maioria das pessoas e não apenas uma elite já educada.

Temos um ponto! Vamos investir em educação!

Claro, eu não sou ninguém para dizer que essa afirmação está errada, mas, tenho uma idéia diferente de porque nossa educação básica está tão calamitosa. A culpa não é toda do governo, na verdade, o governo leva a menor parte da culpa de tudo isso. A responsável por essa ridícula situação do país é a própria população, pois, educação vem do berço, como diz o sábio ditado popular. E esse é o motivo pelo qual a educação básica no Brasil segue deplorável.

Todos conhecemos e nos vangloriamos pelo “jeitinho Brasileiro”. Afinal, brasileiro sempre dá um jeito de conseguir o que quer. Não tenho ingresso para um show? Compro de um amigo cambista. Não quero pegar fila no supermercado? Coloco o meu filho guardando lugar na fila enquanto faço minhas compras, ou fico em uma fila e deixo outra pessoa em outra, pra passar na que chegar primeiro. Todas as situações desse tipo evidenciam a “malandragem” do povo brasileiro. E ela está presente em todas as classes, do rapaz que se oferece para “olhar” carros na rua, cobra por isso e, caso você não pague, seu patrimônio corre mais risco do que se não houvesse ninguém na rua, ao jovem rico que encontra uma comanda perdida na “balada” e se aproveita para consumir gratuitamente tudo aquilo que ele poderia pagar.

Podemos ver isso o tempo todo observando os diversos tipos de família. Esse jeitinho brasileiro nada mais é do que a vontade de tirar vantagem de todas as ocasiões possíveis. A fila do caixa não vai demorar mais que 10 minutos, os ingressos para o show já foram vendidos nas vias legais (o que não deveria incluir cambistas que também entram na mesma linha deste texto), alguém vai ter que pagar pela comanda perdida no bar, e alguém vai tomar prejuízo pelo carro riscado. Mas o brasileiro não se importa mais com isso, o importante é tirar vantagem de tudo que puder.

Essa cultura é apresentada para as crianças ainda dentro de casa, elas aprendem com os pais qual a lei da selva que rege a sociedade e a colocam em prática muito mais cedo do que parece, na primeira interação social que tem na vida, a escola.

Aqui voltamos ao ponto básico, o ensino. A criança quando chega à escola com essa bagagem “malandra” de casa vai querer utilizá-la, e a primeira maneira de fazer isso é provando para todos que é capaz de passar de ano sem estudar. E a pior das constatações é que ela consegue! Desrespeitando professores, intimidando amigos e tentando tomar a liderança da pequena sociedade que está conhecendo. Culpa de quem? Dos pais!

A maneira de “empurrar com a barriga” com que os estudos vão sendo levados desde o primeiro momento segue até o final, muitas vezes a tentativa de assumir a liderança fala mais alto no jeito de ser de cada pessoa, outras vezes a oportunidade de burlar as regras favorecem outro tipo de vantagem e incentivam a cola em provas de conhecimento e em trabalhos individuais.

Isso enfraquece a base da pirâmide, pois forma pessoas com pouca capacidade de inovação, incapazes de se mostrarem dispostas a lutar por algo quando podem burlá-lo por fora das regras. Não adianta reclamar que o Brasil não vai para frente, que será sempre o país do futuro. É preciso fazer algo para que isso mude, e o jeito mais fácil é mudando a nossa própria vida, respeitando o direito alheio, tornando-se o exemplo.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Caos Imobiliário

Moro na cidade de São Paulo há aproximadamente 4 anos e nesse pequeno espaço de tempo já presenciei diversas mudanças no espaço físico dessa grande metrópole, mas o que mais me admira, é a capacidade de crescimento físico que a cidade ainda apresenta. Vista de fora, de cima, de lado, de baixo, São Paulo parece uma massa gigantesca de concreto bem disposto mas pouco organizado, entretanto, vista de dentro percebemos algo um pouco diferente. A falta de organização na cidade é clara, mas é gritante aos olhos de todos o “boom” imobiliário que a mesma vive nos últimos anos. Por todos os lados (mesmo os mais improváveis) vemos canteiros verticais sendo iniciados, obras em andamento e novos prédios entregues.

Não se pode deixar de falar também das obras de infra-estrutura que há muito já deviam ter acontecido mas que só a partir de agora parecem estar sendo feitas com a responsabilidade devida. O metrô está se expandindo (antes tarde do que nunca!), o rodoanel, em fase de obras, parece ser a grande promessa de melhora do trânsito nas marginais da cidade, mas ainda faltam obras em pontos cruciais como trânsito e contenção das águas das chuvas e espero que essas não demorem a chegar.

Esse crescimento incessante nas diversas áreas da construção civil confirma a bolha imobiliária em que a cidade está sendo imersa sem perceber. Com os preços dos aluguéis em disparada, e com os valores venais dos imóveis acompanhando a mesma tendência, certas regiões como Moema, Itaim, Bela Vista e Higienópolis, estão perdendo suas origens e aumentando a segregação social entre as classes Média-Alta e Alta e as classes Média e Baixa. Nessas regiões supervalorizadas está acontecendo um processo de “esvaziamento” explicado por três fatores: 1) As classes Média/Baixa não conseguem mais manter os valores dos aluguéis dentro de seus controles e abandonam o local por fatores financeiros. 2) A classe Alta, que assume o local, não se sente segura em nenhum lugar, então se tranca dentro de casa e somente se locomove utilizando-se de automóveis ou outros meios, isso implica em ruas cada vez mais vazias por conta do medo de ruas vazias. 3) Especialistas vêem oportunidades de grandes ganhos em prazos cada vez mais curtos e investem na compra de apartamentos, mantendo-os muitas vezes até desocupados, para conseguirem altos ganhos em sua venda.

As regiões periféricas, que recebem esse movimento de migração, não provêem de infra-estrutura suficiente para suportar tamanho número de pessoas, o transporte de massa instalado segue a política do lastimável e a ampliação da rede deste tipo de transporte parece ignorar a existência dessas áreas.

Claro que a magnitude da bolha que está se formando nos negócios imobiliários dessa humilde metrópole não chega ao nível de uma outra bolha, atualmente famosa, que gerou a última crise de proporções mundiais, que afetou mais às pessoas que nem sabiam qual o motivo da crise do que seus próprios responsáveis. Mas São Paulo ainda precisa aprender muito a gerir o seu capital social antes de poder entrar em listas que a equiparem com cidades modelos de países com problemas bem menores dos que os que temos aqui.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Fato da Semana

A europa está toda coberta de neve, o frio que assola o continente transpassa os últimos grandes invernos e vai parar decadas atrás, mas disso eu nao posso falar com a exatidão que desejo, desejo sim falar do exato oposto, mas sem desvincular os fatos por suas origens, falo do calor, o calor que atingiu o Brasil nessa semana bateu recordes de temperatura, o pais registrou durante três dias seguidos recordes históricos de consumo de energia, devidos em parte pela energia gasta por ar-condicionados nas grandes cidades do pais, Porto Alegre registrou máxima de 38,1º, com sensação termica de 42º, com direito a comentarista esportivo desmaiando e tudo mais.

Agora, qual a ligação entre os dois fatos acima? Simples e clara! O mundo parece ainda nao ter acordado da maneira que deveria. A China suporta um crescimento insustentável a diversos anos, os Estados Unidos não assumem a culpa nem se dispõem a minimizar os danos que já causaram para sustentar décadas como a maior potencia econômica do mundo.
É fato que o aquecimento global é uma realidade, mas os líderes mundiais fizeram com que a COP15 fosse uma decepção para o mundo todo, gerando uma expectativa sobre ações que não foi nem sequer alcançada e menos ainda superada. Enquanto os líderes nãos resolverem tomar decisões reais de diminuição de emissão de gases poluentes, mesmo que isso interfira no crescimento econômico, os invernos prometens ser cada ano mais frios e os verões cada ano mais quente, até que um deles se sobreponha ao outro e mantenha regiõs inteiras do planeta sobre um calor eterno ou sobre uma camada de neve insolúvel.

Essa visão apocalíptica pode parecer meio exagerada, mas com a aceleração dos fatos estamos perdendo o controle sobre as coisas que nós mesmo criamos, não serão as máquinas que se revoltarão contra os homens como Isaac Asimov já havia previsto em sua Trilogia da Fundação, coleção que dispensa comentários neste post, mas sim a nossa mãe natureza, que seguirá o exemplo da entidade Eywa em Avatar e lutará por seu planeta contra aqueles que desejam destruí-la por ganância de dinheiro e poder.

Por toda essa situação eu acredito que a decisão deve ser imediata e drástica, pois o tarde demais está mais próximo do que parece, e a previsão de 2012 pode chegar um pouco mais tarde, mas isso pode nao ser uma boa notícia.

Boa Tarde

Olá,

No primeiro post do Blog é natural que eu queira apresentar minha intenção ao criá-lo, então vamos às vezes.

A idéia principal é colocar à disposição do grande público que tem acesso à internet, a Nuvem como tantos gostam de chamar, algumas boas visões dos fatos e acontecimentos, rotineiros ou não, para que sejam lidos, comentados e discutidos por todos, dispondo assim de uma eficiente ferramenta para fomentar a discussão como forma de reflexão e entretenimento.

Desde já agradeço a todos que se disporem a perder parte de seu próprio tempo com uma leitura crítica e me proponho a, na medida do possivel, manter aceso o debate em todos os tópicos onde este se prestar.